Harpócrates (em grego: Ἃρποκράτης), na mitologia grega, é o deus do silêncio. Foi adaptado pelos antigos gregos a partir da representação infantil do deus egípcio Hórus. Para os antigos egípcios, Hórus representava o Sol recém-nascido, surgindo todo dia ao amanhecer. Quando os gregos conquistaram o Egito, com Alexandre, o Grande, acabaram por transformar o Hórus egípcio numa divindade helenística conhecida como Harpócrates (do egípcio Har-pa-khered ou Heru-pa-khered, lit. "Har, a Criança").
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Questão que merece destaque e dedicação àqueles que trilham os caminhos do ocultismo e da tradição mágicka é o silêncio e sua importância no caminho do iniciado.
O sigilo, os mistérios, o segredo, o silêncio, todos trabalham em um mesmo sentido: manter a higidez mental, o equilíbrio emocional e, principalmente, o domínio sobre o ego.
Pesquisando em outras páginas na procura de uma imagem para o texto, deparei-me com ótimo texto que trata exatamente da questão do silêncio na magia, conforme os ensinamentos de Aleister Crowley.
Ainda, sou obrigada a parafrasear Mark Twain, em frase tão sutil e cheia de significado:
"Como a abelha trabalha na escuridão, o pensamento trabalha no silêncio e a virtude no segredo."
Pode ser que no profano, o silêncio seja mal entendido, tomado como um erro. Isso porque no pensamento comum, a lógica que impera é que sendo detectado qualquer dissonância com a realidade e podendo o indivíduo desfazer equívocos ou mal entendidos, silenciar seria uma omissão.
Entretanto, há um longo caminho a ser percorrido antes de se dizer que algo está destoando da razoabilidade.
Se um dos postulados mágicos mais importantes é o "não julgar", como podemos, prontamente, indicar se algo é ou não é verdadeiro, correto ou sincero?
Por isso a importância do silêncio, da observação. Em silêncio, preservamos aquilo que temos de mais importante: nós mesmos.
As palavras possuem uma força imensa e é portanto indispensável o uso da prudência quando da sua manifestação.
A ideia de que se pode falar tudo o que se quer a qualquer momento é, no mínimo, tentando não ser repetitiva... profana...
Saber conviver com as discordâncias, com aquilo que não entendemos, é trilhar o caminho do autoconhecimento e desenvolvimento mágicko e pessoal do bruxo.
Já diz o ditado que se não tem nada de belo para dizer, então que não o digas!
E não estou aqui tratando de questões de debate, os desafios dialéticos, o secreto poder da argumentação, pois estas merecem nossas palavras, desde que, por óbvio, bem colocadas.
Me refiro aqui à questão da retidão do iniciado na caminhada mágicka. A prudência de não revelar suas reais intenções e, principalmente, não utilizar do conhecimento comum para ter acesso aos diferentes planos astrais.
Entre outros tantos motivos, podemos dizer que a caminhada mágicka é o desvelar de mistérios, sendo que o maior mistério de todos é a redescoberta da Divindade que existe em cada um de nós.
Silenciar a palavra, a mente e as reações não volitivas (aquelas que são efetivamente reativas a uma determinada ação) são os trunfos que um Mago deve utilizar de forma sábia.
Da mesma forma, realizar seus rituais de forma secreta e sigilosa também garante tanto a manutenção energética de uma egrégora quanto possíveis "ataques" de seres e pessoas que não estão interessados que o iniciado tenha sucesso em sua empreitada de manter-se fiel à Tradição.
Por fim, os sigilos são o que considero os instrumentos de maior importância e segurança para o bruxo no momento de seu conjuro e na realização de sua obra mágicka. Isso porque o sigilo é algo que pertence somente ao bruxo e nunca pode ser compartilhado. Assim, não é possível ser copiado ou, ainda, sofrer interferências, seja de qual plano for.
Muitas obras, hoje em dia, ensinam como fazer os sigilos, mas ainda tenho fé que apenas na efetiva iniciação mágica pode-se dar a real dimensão desta ferramenta.
E em se tratando de silêncio, a manifestação já foi mais do que longa.
Deixo todos com uma mensagem, a mesma que encerra o texto destacado no início dessa reflexão:
"De todas as Virtudes Mágicas, de todas as Graças da Alma, de todas as Consecuções do Espírito, nenhuma tem sido tão mal-compreendida, até quando foi sequer vislumbrada, quanto o Silêncio". (Aleister Crowley)
Evoé!
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