Dentro das mais diversas tradições religiosas há uma linha
mítico-ideológica que tem por base a distinção entre bem e mal, trevas e
luz.
Tal distinção serve como um porto seguro mas também como uma política de controle das ações humanas: se agires bem, és um ser de luz, se agires mal, um ser negro, das sombras. Isso, é claro, contando que estamos falando em agir bem em pensamentos, atos e palavras. Afinal, quem quer ir para o inferno?
Longe do cristianismo, vemos que a ideia de "lugar de danação" - no qual a alma do indivíduo não teria um descanso - é anterior aos escritos bíblicos.
A Grolier Universal Encyclopedia(Enciclopédia Universal Grolier, 1971, Vol. 9, p. 205), sobre “Inferno”, diz:
“Os hindus e os budistas consideram o inferno como lugar de purificação espiritual e de restauração final. A tradição islâmica o considera como um lugar de castigo eterno.” O conceito de sofrimento após a morte é encontrado entre os ensinos religiosos pagãos dos povos antigos da Babilônia e do Egito. As crenças dos babilônios e dos assírios retratavam o “mundo inferior . . . como lugar cheio de horrores, . . . presidido por deuses e demônios de grande força e ferocidade”. Embora os antigos textos religiosos egípcios não ensinem que a queima de qualquer vítima individual prosseguiria eternamente, eles deveras retratam o “Outro Mundo” como tendo “covas de fogo” para “os condenados”. — The Religion of Babylonia and Assyria (A Religião de Babilônia e Assíria), de Morris Jastrow Jr., 1898, p. 581; The Book of the Dead (O Livro dos Mortos), com apresentação de E. Wallis Budge, 1960, pp. 135, 144, 149, 151, 153, 161, 200. (Retirado da Wikipedia)
Entretanto,
o presente texto busca traçar um novo paradigma para terminar com o
dualismo bem x mal, trazendo algumas reflexões acerca da unidade na
dualidade, deixando para um outro momento digressões acerca do paraíso x
inferno.
A ideia, aqui, é ir além do bem e do mal.
Para tanto, precisamos fazer uma pequena pausa e retornar aos princípios herméticos.
O princípio hermético da polaridade, revelado no Caibalion, nos traz a seguinte reflexão:
“Tudo é duplo; tudo tem dois pólos; tudo tem seu par de opostos; o semelhante e o dessemelhante são uma só coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se tocam; todas as verdades são meias-verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados.”
Da análise do princípio,
podemos chegar a uma apressada conclusão de que tudo é uma coisa só,
que não há um bem e um mal e, portanto, totalmente dispensável pensar a
respeito... e é então que cometemos nosso maior erro, que é menosprezar
as pequenas letras ao final do contrato!
Isso porque
não estamos dizendo que bem e mal são a mesma coisa, mas sim que fazem
parte de uma ideia única, que em gradações, assim como o amor e ódio, se
tocam e se afastam, sendo ambos sentimentos de uma mesma origem.
Assim,
quando verificamos luz e sombras, vemos a complementariedade em um e
outro. Somente enxergamos a luz porque existe a escuridão, e vice-versa.
Um é indispensável ao outro, e da mesma sorte temos esta reflexão
dentro de nossa psiquê.
Não há lobos ou cordeiros, e
sim um pouco de cada dentro de cada um de nós. Prevalece, como já dizia o
Mestre, aquele que alimentamos, mas isso não quer dizer que extinguimos
o outro, porque são ambos a polaridade contrária um do outro.
Quando
comentamos sobre "não negar sua sombra" ou "acolher a sua escuridão",
não fazemos nenhuma apologia à maldade ou recursos mágickos de dano, mas
sim a visualizar e reconhecer as trevas que existem dentro de cada um,
e, assim, tornar-se novamente inteiro, sem escolher lados, mas
simplesmente vivenciando e experienciando o que cada porção de seu
próprio Eu está disposto a revelar, através da Luz que ilumina suas
escolhas.
Evoé!
NFT
LUZ OU TREVAS
Luz ou trevas.
Fogo, água e mais elementos.
São tudo formas servas.
Da alegria, mágoa e de todos os sentimentos.
Rocha, semente e fruto, a outra existência.
Corpo, Alma e espirito.
São tudo energias à mesma convergência.
Neste todo infinito.
É tudo um todo de fragmentos.
Que vão estreitando laços.
No espaço, no tempo; a melhores nascimentos.
De mais confiantes abraços.
Neste continuo despertar.
O viver, vai renascendo.
A mais e melhor humano ofertar.
Porque o todo, nos vai merecendo.
Convicto, no saber do nosso sentir.
Depois de desnudadas as energias.
Que nos permitem outro consentir.
E desvendar as trevas, sem obscuras magias.
Eduardo Dinis Henriques
Fogo, água e mais elementos.
São tudo formas servas.
Da alegria, mágoa e de todos os sentimentos.
Rocha, semente e fruto, a outra existência.
Corpo, Alma e espirito.
São tudo energias à mesma convergência.
Neste todo infinito.
É tudo um todo de fragmentos.
Que vão estreitando laços.
No espaço, no tempo; a melhores nascimentos.
De mais confiantes abraços.
Neste continuo despertar.
O viver, vai renascendo.
A mais e melhor humano ofertar.
Porque o todo, nos vai merecendo.
Convicto, no saber do nosso sentir.
Depois de desnudadas as energias.
Que nos permitem outro consentir.
E desvendar as trevas, sem obscuras magias.
Eduardo Dinis Henriques
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