Elas são amigas e companheiras dos bruxos. Possuem em si mesmas todo o conhecimento e sabedoria do Universo.
Em sua simbologia simples mas extremamente complexa, temos nas duas pedras o fundamento e alicerce da caminhada mágicka.
As pedras das quais falo são aquelas que simbolizam nossa dualidade (única forma de chegar à unicidade): a da esquerda, traz consigo a força do feminino, do oculto, o yin, a emoção e a paixão, os medos e o nosso lado sombrio; a da direita, por sua vez, o masculino, o que se revela, o yang, a razão e a prudência, nossas virtudes e aquilo que deixamos à lume.
Eis o sentido mágicko e o motivo pelo qual nós bruxos trabalhamos tanto com estas pedras.
Porque representam as duas colunas, ou, como coloca Elifas Levi:
"Bohas e Jakin são os nomes das duas colunas simbólicas que estavam diante da porta principal do templo cabalístico de Salomão.
Estas duas colunas explicam em cabala todos os mistérios do antagonismo, quer natural, quer político, quer religioso, e explicam a luta geradora do homem e da mulher, porque, conforme a lei da natureza, a mulher deve resistir ao homem, e este deve atraí-la ou submetê-la.
O princípio ativo procura o princípio passivo, o cheio é amnte do vácuo. A goela da serpente atrai a sua cauda, e, girando sobre si mesma, ela foge de si e persegue a si mesma." (Dogma e Ritual de Alta Magia, p. 80).
Não há unidade sem o respeito à dualidade, e a consciência desta ambiguidade é o que nos faz permanecer - ou ao menos buscar - o "caminho do meio".
O caminho do meio é o objetivo a que todo Mago almeja: o equilíbrio do Ser, através do domínio de suas paixões e emoções, sendo ele quem domina, e não o dominado.
É esta a lição que o nosso querido Mestre, o escritor, Mago e amigo Mário Scherer, lança em sua obra-prima À Pequena Bruxa:
"Uma bruxa não busca o virtuosismo, na negação do conjunto natural de suas paixões, mas o equilíbrio entre elas, pois o contraditório não é conflitante e sim complementar." (p.15).
Assim, vemos da importância de ter essas pedras (em especial, pois são elas que nos encontram) em nossa caminhada mágicka, pois são um símbolo de alerta de que não há bem e mal, mas uma unidade, que possui metades complementares.
Quando dizemos "Sou um Ser de Luz", estou ao mesmo tempo, mesmo que de forma velada, afirmando "Honro a Sombra que Sou", pois não há um sem o outro.
E na nossa caminhada, precisamos trabalhar com a dualidade buscando o equilíbrio. Meditar sobre nossas falhas, nossos medos e imperfeições é trabalhar em nosso aperfeiçoamento pessoal.
Não se vangloriar de seus feitos, mas reconhecer suas virtudes também traz ao bruxo a auto-estima indispensável para quem busca ser o "dominador" e não o dominado.
É sempre tempo de meditar, mas também tempo de agir, portanto não espere mais! Não aguarde!
Pegue suas pedras e entre em contato profundo com as forças que em ti habitam, pois assim, com certeza, estarás te trabalhando na busca do teu equilíbrio.
Não é uma questão de julgar ou comparar, mas de honrar cada parte do nosso Ser e que, se honrando, também se honre todo o Divino, todo o Sagrado, o Todo em sua compreensão infinita.
Evoé!
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